quinta-feira, 12 de abril de 2007

Viajante


Tereza Tinoco


Eu me sinto tolo

como um viajante

pela tua casa



pássaro sem asa

rei da covardia


e se guardo tanto essas emoções

nessa caldeira fria



é que arde o medo

onde o amor ardia



Mansidão no peito

trazendo o respeito

que eu queria tanto

derrubar de vez



pra ser teu talvez

pra ser teu talvez



Mas o viajante

é talvez covarde

e talvez seja tarde


pra gritar que arde

no maior ardor



A paixão contida

retraída e nua

correndo na sala

ao te ver deitada


Ao te ver calada,

ao te ver cansada,

ao te ver no ar


Talvez esperando

desse viajante

algo que ele espera

também receber


e quebrar as cercas

com que insistimos

em nos defender.

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